sábado, 27 de dezembro de 2008

Numa colmeia de palavras as abelhas são as prostitutas mais belas

Para Marco G.

Há palavras pétalas por todo o lado tombando no chão do poema. Um cheiro doce.
Vindas do nada as abelhas.
Num instante incendeia-se o ar de uma serenidade de asas, de uma combustão criativa.
As letras uma por uma sugadas, palavra a palavra devoradas.
A boca do poema derramará sem pretexto a seu tempo o mel, que é o texto num orgasmo lento.
O poeta é um apicultor dos orgasmos das palavras. Neles se expande mesmo quando se masturba, pois é em si mesmo poema.
Sua alma hermafrodita é prostituta, mas fiel como cada abelha sintonizada à sua colmeia.
Quem junta palavras procura opostos. Rima cada coisa com a sua contradição afinal.
Numa colmeia de palavras as abelhas são as prostitutas mais belas, pois cada uma é a parte mais libertina de um todo lexical.

O sol nascente encurralou a neblina no vale

O sol nascente encurralou a neblina no vale.
Lá, onde as igrejas se adivinham pelo dobrar dos sinos, e a torre mais alta estica o pescoço fino para impor a manhã clara das coisas.
Aqui, bem próximo de mim, o peru canta vitória sobre a madrugada que lhe prolongou a vida e as galinhas debicam com alegria os restos da ceia em ameno cacarejo.
Também o cão já deu bom dia ao dono e ladra a espaços para comunicar com todos na quinta, avisando longe, que foi ali naquele lugar colado aos montes que nasceu o sol, imperial, mesmo desconhecendo que este a todos pertence.
Ontem, quando a noite trouxe as sombras aos caminhos, havia mais luz em todas as casas, mais brilho em todas as fachadas.
À volta de uma mesa partilharam-se gostos, paladares e sorrisos com as crianças. Cada uma trazia já nos olhos o sol que nasceu hoje sobre o vale.
Nesta manhã de prendas e meninos felizes da minha aldeia, há homens vestidos de esperança, um adro de igreja. Um copo com que se brinda o nascimento.
Com fraternidade, com alegria, sem tempo.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Há um texto escondido que ainda não foi escrito


Desenho no paint do meu filho de 4 anos

Há um texto escondido que ainda não foi escrito
Há um destino que não cabe no texto
Há um estigma e há uma cruz
Mero pretexto, a precisar de ser dito

Há uma revolta e um frenesim de luz
Na luz que emana de uma simples candeia
Um presépio de pus a escorrer
Nesta liberdade à boca cheia

Teu ventre é o meu búzio fonema
Trapézio sem mãos onde anseio morrer
Minha eterna procura, solução e poema
Palavras à espera de quem as saiba escrever

O meu texto tem pernas de mulher
Descruzadas,
Insinuantes e ofertadas
Tem olhos no que a boca disser

Por ele arrisco cair
Chegar e partir
E arriscar para começar
haja o que houver

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Apresentação do livro de Maria Sousa - "Azul que não se sabe se é de céu ou de mar"



Foi com muito orgulho que apresentei a poetisa Maria Sousa no passado sábado no Real Feytoria, na ribeira do Porto.
Convido-os a conhecerem os seus poemas.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

O meu primeiro livro como Ebook em todo o mundo



A partir de hoje o meu primeiro livro está à venda, 24H por dia, para todo o mundo. Podes visitar o mesmo neste link:

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Poderás adquirir o meu livro por apenas 2,99€, como Ebook (livro electrónico).

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Tudo o que comprares pode ser pago de 2 formas:

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O livro estará disponível , para o descarregares, após o pagamento ser detectado pela contabilidade da editora.
Este processo pode demorar entre 2 a 7 dias após o pagamento.
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segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

De como se deve comer uma boa rojoada em dia de Restauração



porquinhos.com.sapo.pt/
Tome-se do porco a carne mais as entranhas. Coloque-se a carne a marinar generosamente em vinho novo e louro fresco do morro. À trança de alhos retirem-se as cabeças mais iluminadas.
Os cominhos lançados como quem semeia o amanhã.
A gosto o sal.
Separem-se as partes viscerais do animal. O sangue bem cozido, assim como a tripa, mais o bucho. O fígado lascado transversal.
A Banha convém que seja de qualidade reconhecida, feita daquilo que o animal acumulou de liberdade, de profunda incerteza no fossar.
Nessa busca cozinhe-se primeiro a carne.
Em lume alto de independência. Até que o vinho a tome como a terra toma os homens. Até que o cheiro se espalhe por toda a casa e por todo o lugar.
Reserve-se os rojões em caçarola de barro pintada.
Na banha líquida e depurada, deite-se a tripa em cama de garbo, mais todas as outras partes do estômago do animal.
Cozinhe-se num ritual sem tempo. Na genealogia das famílias, afiadas como facas. De pai para filho.
E por fim o sangue.
Abundantemente misturado no alho fino, etapa final de uma vida e um destino.
Semeiem-se os cominhos.
E que se impregne da banha de porco que o cozinhou, cumprindo-se o destino do animal.
PORTUGAL.

Nota 1: Para apreciar este prato é necessário entender o porco por dentro .
O vinho a rodos e alguns amigos, poucos.

Antologia Luso-poemas 2007


Sob a chancela da Edium Editores será lançado no próximo dia 13 de Dezembro, na cidade de Lisboa, o livro “Antologia Luso-Poemas 2008”, uma compilação de diversos textos de vários autores que publicaram neste site, durante o ano anterior. Uma referência na escrita feita na internet e fora dela.
Numerosos autores editaram os seus livros através do site. Uma família alargada de gente que se encontra, confraterniza, e à qual eu tenho a honra de pertencer.
Publico no site desde 2007 e fui escolhido para figurar nesta antologia com textos em prosa.

Lista de autores da Antologia Luso-poemas 2008
www.luso-poemas.net



Alemtagus
Betha M Costa
Carla Costeira
Carlos Carpinteiro
Carlos Said
Carolina
Cleo
Conceição B
Daniela Pereira
Expanta
Flávio Silver
Fly
freudnãomorreu
Gilberto
Godi
Goretidias
Henrique Pedro
João Filipe Ferreira
João Videira Santos
José Torres
Júlio Saraiva
Karla Bardanza
Le Tab
Ledalge
Luís Ferreira
Margarete
Maria Sousa
Mel de Carvalho
Noite
Paulo Afonso Ramos
Pedra filosofal
Rosa Maria Anselmo
Sandra Fonseca
Tália
TrabisdeMenta
Tytta
Valdevinoxis
Vera Carvalho
Vera Silva