segunda-feira, 15 de junho de 2009

Apresentação na Feira do Livro de Barcelos


No passado dia 10, na Feira do Livro de Barcelos, foi apresentado o meu último livro: "Diário de Maria Cura".
Agradeço ao escritor Xavier Zarco a apresentação que fez, representando simultaneamente a editora.
Também à Câmara Municipal de Barcelos e Biblioteca Municipal, na pessoa do Doutor Victor Pinho.
Um abraço a todos os que estiveram comigo apesar do dia de chuva que se fez sentir.
Até breve.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Apresentação em Lisboa de «Diário de Maria Cura»



Da esquerda para a direita: Lurdes, Magda, Vera Silva, José Torres e Xavier Zarco


José Torres sonha com o dia em que poderá viver apenas da escrita. Começou a escrever cedo, na escola reconheciam-lhe, nas redacções, a sua capacidade imaginativa. Aos quinze anos escreveu o seu primeiro conto – Aquarius – onde abordava o tema do aborto. Perdeu-se este conto algures nas gavetas do tempo, como tantos outros trabalhos, em prosa ou em poesia que escreveu ao longo da sua vida.

A esse propósito, trazemos aqui um poema que José Torres publicou em 2007, dedicado aos poemas perdidos


Na memória do que esqueci
e que o tempo arrumou
há poemas por quem vivi
e a loucura quase matou

Esquecidos ou guardados
nos sentidos da paisagem
os poemas abandonados
são apenas dúbia miragem

Um há que vive na saudade
do que ainda não aconteceu
o que mora nessa verdade
que o passado não prometeu

E se esse tempo é agora
não deixei nunca de ser
o mesmo pela vida fora
a ganhar mesmo a perder

Se o poema assim quiser
hei-de deixá-lo andar, correr
hei-de ser o que a vida me der
não deixarei nunca d'escrever

Por ti vivo em ti me sinto
minha droga meu absinto.


Durante algum tempo deixou a escrita de lado, tendo, em 2006, voltado a reencontrá-la, para nunca mais a deixar.

José Ilídio Torres é um homem versátil e inteligente que nos brinda com o que melhor possui – a forma única que tem de escrever. Seja em prosa ou em poesia, a sua escrita é facilmente reconhecida, tem a sua marca pessoal. Nesta história que hoje apresentamos está reflectida esta realidade, a sua realidade. É um romance, um policial, em prosa, mas aonde a poesia também tem um lugar vincado. Encontramos, por isso, todos os géneros literários que são familiares ao autor.

O Diário de Maria Cura é um romance sobre a vida de uma belíssima mulher, completamente liberal no que toca à sua vivência sexual, iniciada ainda muito jovem com a descoberta do seu corpo, experimentando os dois lados duma vida sexual activa. Uma mulher resolvida, apaixonada pela vida e pelo seu amor de infância.

Maria Silva, seu nome verdadeiro, é uma enfermeira sensual, provocante, sedutora, inteligente, tentando viver a vida ao máximo, sem tabus de espécie alguma. Foi mulher e rainha, fazendo dos homens seus servos numa alcova de luxúria e prazer. Sem nunca ceder o comando, mesmo nas alturas em que os homens achavam que o faziam. E aqui vamos chamar, de além-mar, uma nossa amiga, a Sandra Fonseca, psicóloga, e que nos descreve a personagem principal da seguinte forma:

«...Maria representa o "voo" mais livre de uma figura feminina. A nós, mulheres, esperam que sejamos doces, afáveis, e que o desejo, seja palavra proibida, senão aprisionada junto à lingerie, em gavetas de séculos de repressão. Bem, mas fosse ela, a Maria, figura real, e acaso cliente minha não teria ela como escapar do conflito interior ... não fosse pela expressão da perversão. O perverso edifica sua personalidade nesse limite mesmo da normalidade. Faz do outro seu objecto de prazer e jamais se submete a ser, do outro, esse objecto. Maria, se constitui, assim, a mulher da impossibilidade. Fálica ao extremo, desde sempre soube que as coisas do amor seriam para ela ou impossíveis ou tragicamente cortadas...»

Maria é assassinada, de forma misteriosa, na noite de Carnaval. Existem vários suspeitos e os inspectores da Polícia Judiciária tudo fazem para desvendar esse crime macabro. Ao longo de várias páginas, a curiosidade do leitor chega a picos extremos, já que o autor consegue manter o mistério até ao final do livro, criando um suspense e uma curiosidade bem delineados, fazendo-nos viver, durante a leitura, várias emoções e levando-nos a um final inesperado.

José Torres não deixa, da vida da Maria, nenhuma situação por explicar. E leva-nos, pela mão de Maria Cura, a encontrar, no livro, o site luso-poemas, que o levou a reencontrar-se com a escrita e que sente como a sua casa da escrita, o seu clube dos poetas vivos.

É nesse site que encontramos o utilizador Maria Cura e o seu Diário Erótico, que bastante furor causou na época da sua publicação. A ligação entre a vida real, no caso o site luso-poemas e a ficção, leva-nos a encontrar, no livro, algumas personagens bem conhecidas de todos os que o frequentam, como é o caso do saudoso Q14, do JSL, do Flávio Silver e, claro, de Valdevinoxis.

Este é um daqueles romances policiais que se lê e se recomenda a todos.

Texto da autoria de Lurdes Dias (Cleo), Vera Silva e Magda Pais (Pedra Filosofal)