Calcei-me de bronze.
Num primeiro segundo, quase brilho
Os meus pés como chumbo, minha boca seca
Vesti-me de tédio, fiz a mim próprio um filho
O silêncio tinha pelos na língua.
Houve um céu que não tinha palato
Houve um sol que prenunciava chuva
Houve um armário guardado num fato
Houve tudo o que não houve.
Se ao menos a chuva se calçasse de bronze…
Palavra a palavra, fosse a escrita um grito
O poema quase um sustento
A verdade uma lança capaz de cortar o tempo.
Fosse o sonho a bronze escrito
E não seria capaz de te dizer
De te amar para o que houver
De te sofrer
Não seria capaz de te ter
Nem sequer trocar:
Poesia por mulher.
1 comentário:
Amigo Zé Torres
Eu diria que sim, o teu poema é mesmo um quase sustento... mais que não seja, da alma de uma mulher!
Grandioso é o poeta que se sustenta assim, aquietando a fome de outras almas inquietas.
Beijo
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