domingo, 2 de novembro de 2008

Por uma linha

Se me apetecesse escrever uma linha que fosse…
Se ao menos me apetecesse uma linha
Que fosse de caminho
Que se lesse de carreirinha
E de ferro fosse…

Se ao menos me apetecesse a página como ninho
E desse modo a construção do verbo
Nem que fossem as palavras eterno voo
E cobriria o teu corpo com adjectivos de fino linho
Sem custo, sem dor, nem enjoo…

Mas sopra em mim destino de maior acervo
Forçado que estou à escravidão pela liberdade
Um vento que de tão norte
Leva consigo a própria verdade
E por aí escapa de soslaio
À morte.

josé ilídio torres
(todos os direitos reservados)

3 comentários:

Anónimo disse...

A escravidão pela liberdade é um engano... O poema é triste, com grande carga dramática, mas delicioso!
Muito bom ler-te. Qualidade sempre assegurada :)

Beijinhos

impulsos disse...

Voltei
Não só por uma linha tua
Mas por todas as outras
As que já escreveste
E que eu li
As que não li
E que ainda,
escreverás mais adiante
Que eu sei!

Beijo

Unknown disse...

Se me apetecesse escrever uma linha
seria de poesia. seria uma pequena linha magra, esbelta ou baixinha.
uma simples linha onde pousam as letras que tudo podem dizer e nada fazer. Que pode ser muito ou pouco. ou silencio.